Fisiologia dos espermatozoides (ou “ acerca do espermatozoide” ou “o esperma”)
As células reprodutoras masculinas – os espermatozóides- são produzidos nos testículos, através de um processo que é controlado por hormonas e que demora cerca de 70 dias.
Os espermatozóides são constituídos por cabeça (onde se encontra o núcleo celular que contém 23 cromossomas), porção intermédia (onde se produz a energia) e por cauda que permite os seus movimentos.
Os espermatozóides saem do testículo por canais que constituem a via seminal e que têm início no epidídimo. Continuam pelos vasos deferentes, seguindo pelos canais ejaculadores que atravessam a próstata e terminam na uretra.
Durante a ejaculação, os espermatozóides vão juntar-se às secreções procedentes das vesículas seminais e da próstata, que são úteis para a sua sobrevivência e progressão, constituindo o esperma.
A capacidade reprodutora do homem depende de:
- Função sexual (ereção e ejaculação)
- Função espermatogénica (formação de espermatozóides)
A fertilidade masculina pode sofrer alterações quer por diminuição da quantidade e/ou qualidade dos espermatozóides, quer pela impossibilidade mecânica de depositar o esperma no fundo da vagina durante o coito (disfunção sexual eréctil, ausência de ejaculação).
Metade dos casais que consultam por um problema de infertilidade apresentam um fator de infertilidade masculina, e cerca de em 30% dos casos a infertilidade é exclusivamente de causa masculina (in Manuel Práctico de Esterilidad y Reproducción Humana, 3ª Edicion).
Fatores
A obesidade, o tabagismo e o consumo abusivo de álcool e drogas são fatores relacionados com o estilo de vida que podem contribuir para a infertilidade masculina. A obesidade e o alcoolismo estão associados a um aumento relativo dos estrogénios (hormonas femininas) que podem prejudicar a função sexual e a espermatogénese.
Cada vez mais existem dados científicos que associam factores ambientais, como a exposição a tóxicos (chumbo, mercúrio, bromopropano e dibromopropano – presente nalguns pesticidas), radiações e a fontes de calor (incluindo o uso de computadores pessoais sobre as coxas), como prejudiciais para a fertilidade masculina. Algumas profissões, como é o caso dos soldadores e dos motoristas de longo curso, foram mesmo associadas a infertilidade masculina.
Certos medicamentos, como os fármacos utilizados no tratamento do cancro, também podem causar esterilidade masculina e esse efeito deve ser acautelado mediante a criopreservação de esperma antes do início do tratamento. Outros fármacos que podem interferir com a espermatogénese e/ou função sexual, são: esteróides anabolizantes, finasteride (usado no tratamento da alopecia em homens jovens), alguns anti-hipertensores, psicofármacos e antibióticos.
Doenças
Perante um problema de infertilidade masculina deve-se procurar sempre uma doença sistémica, embora em muitos casos não seja possível identificar uma causa. De qualquer forma é muito importante haver uma exploração médica cuidadosa do elemento masculino do casal, pois nalgumas situações raras, a infertilidade masculina pode ser a forma de apresentação de tumores testiculares ou hipofisários (prolactinomas).
Assim, as principais patologias que podem estar na origem da infertilidade masculina incluem:
- – Varicocelo (dilatação venosa do sistema venoso espermático), ocorre em cerca de 30-40% dos homens inférteis e é uma das poucas patologias masculinas susceptíveis de tratamento;
- Doenças endócrinas ( Síndrome de Kallmann, tumores hipofisários, síndrome de Cushing, patologia da tiroide)
- Infecção da via seminal (os agentes infecciosos podem ser bactérias os vírus, como o da parotidite, que é habitualmente contraído na infância, e podem atingir qualquer elemento da via seminal ou excretora)
- Hipertensão e Diabetes (podem prejudicar sobretudo a função sexual, por alterações na microvasculatura e também, no caso da hipertensão, pelos fármacos utilizados no seu tratamento).
- Doenças ou mutações genéticas (Síndrome de Klinefelter, microdeleções no cromossoma Y, etc)
Como prevenir?
A melhor forma de prevenir a infertilidade consiste em adotar um estilo de vida saudável: não fumar nem consumir drogas, consumir álcool com moderação e optar pela prática de exercício físico e de uma alimentação saudável, evitando a obesidade e as doenças associadas, como a hipertensão e a Diabetes. A exposição crónica a fontes de calor deve, sempre que possível, ser evitada.
Como tratar?
Tal como enunciado anteriormente, após a exploração médica do homem infértil deve-se tratar, sempre que identificada, a causa subjacente à infertilidade. O tratamento do varicocelo, por exemplo, é um dos exemplos em que se pode conseguir uma melhoria significativa da qualidade seminal.
Nos casos em que não se identifica uma causa e as alterações do espermograma são ligeiras, o tratamento com anti-oxidantes pode produzir alguma melhoria do número e mobilidade dos espermatozoides.
Quando não é possível tratar a infertilidade masculina, o recurso a técnicas de procriação medicamente assistida, como a microinjecção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) é a melhor opção.
(Links para tratamento médicos e cirúrgicos)
Soluções alternativas
No caso de existir uma azoospermia secretora (ausência total de espermatozoides, mesmo em biopsia testicular) ou de outras alterações seminais graves com insucesso de tratamentos anteriores, a forma mais eficaz de tratamento consiste no recurso a espermatozoides de dador.